Ídolos

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Há pessoas com certas experiências de vida que refletem características que também gostaríamos de possuir, em especial quando consideramos decisões passadas com as quais não estamos completamente satisfeitos. Assim, no meu caso, não é que procure ativamente desenvolver características similares, já que essas se aplicariam melhor a situações passadas. Em geral, as referências estão voltadas para comportamentos e decisões profundamente atípicas, que demonstram formas criativas de expandir o espaço de soluções aplicáveis aos problemas em questão. Por outro lado, não é correto dizer que existe apenas uma admiração distante por uma pessoa com capacidades a que nunca terei acesso. A web tornou o estabelecimento desse tipo de “relação” muito mais fácil. Ao menos no meu caso, na maioria das vezes busquei inspiração em pessoas relativamente simples, pequenas celebridades dentro de grupos bem específicos, cuja trajetória nos foi permitida acompanhar.

Na medida que o fato de ter acompanhado essas experiências e as interpretado de uma forma particular, é inevitável que eventualmente sejamos influenciados por elas em nossas próprias tomadas de decisão. É fácil e curioso nos pegarmos na pele de um desses ídolos, tentando imaginar o que pensariam dessa situação, que arranjos e alternativas não convencionais criariam e quais delas nos são de fato acessíveis. Não deixa de ser frustrante, claro, descobrir que não temos a mesma criatividade ou a coragem para considerar seriamente uma certa possibilidade. Mas ao menos por ora, acredito que esse exercício (involuntário) tenha mais benefícios do que malefícios.

Não vou fazer uma lista completa das “pessoas inspiradoras” que descobri ao longo dos últimos anos, apenas citar duas ou três, para mostrar um segundo fator associado ao modo como as “seleciono”: o fato de não ser necessário que estas pertençam a algum meio intelectual, nem que tenham opiniões e preferências próximas às minhas. De fato, é possível, em alguns casos, que professem posicionamentos que, ao menos na superfície, pareçam (ou de fato sejam) diametralmente opostos aos meus. O que podem trazer, nesse caso, são perspectivas que posso agregar ao meu modo de atualizar meus “modelos do mundo,” à luz dos quais tento interpretar as situações e eventos à minha volta.

Dois exemplos desse caso são Ran Prieur e Meitar Moscovitz, que poderia colocar em uma mesma categoria.

Outro exemplo possivelmente inesperado é o Bob Burnquist (também uma exceção ao critério de “pequenas celebridades”).

Dadas serem trajetórias públicas cujo desenrolar acompanho às vezes já há 8, 10 anos, também é natural que o nível de influência de cada pessoa inspiradora flutue ao longo do tempo e mesmo que alguma seja temporariamente esquecida, para retornar à atenção de forma quase aleatória meses ou anos depois.